No que diz respeito às mulheres no ambiente de trabalho, a última atualização do Relatório sobre as Disparidades Globais entre Homens e Mulheres 2023 do Fórum Econômico Mundial , revela um marco notável. Cerca de 68,6% das disparidades entre homens e mulheres foram eliminadas, efetivamente nos levando de volta aos níveis pré-pandêmicos.
Mas isso será suficiente? As coisas certamente estão mudando, mas de forma muito lenta. Se esse ritmo se mantiver, serão necessários mais 131 anos para atingir a equidade de gênero.
Como afirma Saadia Zhaidi, diretora-geral do Fórum, “estamos perante uma crise de custo de vida e perturbações no mercado de trabalho. Para uma recuperação econômica, as empresas necessitam de todo o poder da criatividade e da diversidade de ideias. Não podemos nos dar ao luxo de perder o ímpeto na participação econômica e nas oportunidades das mulheres.”
Quer seja através da representação de ideias ou da equidade nos ganhos (provavelmente as duas coisas!), é mais do que na hora de começar a levar a sério a “diversidade e inclusão” – porque se você não o fizer, ficará para trás.
Por que dizemos isso? Até 2030, 75% da força de trabalho será composta pelos Millennials e pela Geração Z, que são consideradas as gerações com maior diversidade racial e étnica da história.
Este fato contribui, sem dúvida, para elevar os padrões e as expectativas desses jovens candidatos, de que os locais de trabalho reflitam não apenas seus valores, mas também a diversidade entre seus colegas.
Então, não deveria ser sua responsabilidade (ou, digamos, o seu objetivo) corresponder a essas expectativas e se apresentar como um “empregador ideal”?
No entanto, se você ainda não tem certeza exatamente do que pode fazer para criar um local de trabalho favorável para as mulheres, aqui vão cinco dicas para você.
Reconheça os preconceitos de gênero presente em todos os níveis
Em primeiro lugar, não tem como você lidar com qualquer tipo de problema no ambiente de trabalho se não reconhecer a sua existência, e isso em vários níveis e de várias formas.
Por isso, sua prioridade deve ser reconhecer os preconceitos de gênero (evidentes ou sútis) que podem ter se manifestado nas suas práticas de contratação, promoções, tabelas salariais e interações do dia a dia.
Comece analisando os seus dados de contratação anteriores para ver se existe algum desequilíbrio significativo entre os gêneros em determinadas funções e departamentos.
Procure por padrões que indiquem preferência por um gênero em detrimento de outro durante o processo de contratação. Isso pode se refletir na taxa de candidatos masculinos e femininos pré-selecionados, entrevistados e, finalmente, contratados.
Depois, reveja as avaliações de desempenho dos últimos cinco anos, pelo menos, para garantir que elas são efetuadas de forma justa e que não são influenciadas por preconceitos inconscientes.
Avalie se determinados gêneros recebem consistentemente classificações mais altas, promoções ou oportunidades de crescimento, enquanto outros são ignorados ou subvalorizados.
A próxima área crucial em que você se deve concentrar é a das disparidades salariais. Verifique se a remuneração dos seus funcionários se baseia nas suas competências ou no seu gênero.
Se você notar alguma irregularidade (que pode mesmo acontecer!), promova uma conversa aberta e honesta com a sua equipe.
Lembre-se de que, antes de implementar oficialmente quaisquer alterações na política, os funcionários têm que conhecer e estar de acordo com o seu plano para criar um ambiente inclusivo.
Como Destiny Lalane, consultora de recrutamento e comediante, diz: “Para mim, vencer é quando os gestores de RH, os novos funcionários e o CEO se unem para continuar desafiando e melhorando o recrutamento para a empresa.”
Mostre aos seus empregados/equipe a seriedade com que você encara a capacitação das mulheres no ambiente de trabalho, falando sobre e tomando medidas para renovar processos desatualizados. (Comece devagar, mas vá a toda a velocidade!)
Atualize suas políticas de diversidade e inclusão
Então, você já deu as dicas e anunciou os seus objetivos. Agora é hora de pôr sua papelada em ordem. E uma das formas mais eficazes de fazer isso é atualizando e reforçando oficialmente as suas políticas de diversidade e inclusão.
Essas políticas servirão como uma estrutura de orientação para que todos os funcionários/executivos de sua empresa apoiem e contribuam para a criação de um local de trabalho equitativo.
Você pode começar organizando uma pequena sessão de feedback em que todos os funcionários abordam as práticas discriminatórias que perceberam ou com que se depararam pessoalmente nos últimos tempos.
Depois, sente-se com os membros do seu RH ou com outras partes interessadas para encontrar soluções para mitigar esses problemas. Pesquise o que outras empresas estão fazendo e analise se isso também pode funcionar para você.
E, apenas para ter ideias, aqui estão algumas estratégias que você deve considerar implementar:
- Estabeleça uma política salarial transparente e justa que garanta salários iguais para trabalho iguais, independentemente do gênero. Realize auditorias salariais regulares para identificar e retificar eventuais disparidades salariais.
- Certifique-se de que a comunicação da sua empresa, incluindo as descrições das vagas e os manuais dos funcionários, usa uma linguagem neutra em termos de gênero que não perpetue estereótipos.
- Ofereça modalidades de trabalho flexíveis, como o trabalho à distância, horários flexíveis ou opções de compartilhamento de trabalho, para acomodar as diversas necessidades dos funcionários, em especial das mães trabalhadoras.
- Ofereça benefícios favoráveis para as famílias, incluindo licenças parentais, apoio na forma de creches e instalações de enfermagem, para apoiar pais e cuidadores que trabalham.
- Facilite o regresso ao trabalho das mulheres após a licença de maternidade. Mostre para elas que você se preocupa.
- Ofereça um treinamento para lideranças que enfatize a inclusão, a empatia e o valor das diversas perspectivas. Incentive as lideranças masculinas a serem defensoras da igualdade de gênero.
- Estabeleça um sistema para acompanhar o progresso das iniciativas de diversidade e inclusão e responsabilize os líderes pelo cumprimento dos objetivos de diversidade.
- Fortaleça as políticas antidiscriminação que protegem os funcionários contra assédio ou preconceito com base no gênero ou em qualquer outra característica protegida.
Não pare por aí. Crie um plano melhor. Afinal de contas, a empresa é sua; só você pode dizer o que é melhor!
Uma vez que isso for decidido, redija e compartilhe as novas regras na sua empresa e fora dela! Você pode até publicá-las no seu website e nas redes sociais. (Deixe que todos os candidatos saibam que podem escolher você!)
No entanto, certifique-se que essas novas políticas não são apenas declarações superficiais, mas que tenham objetivos mensuráveis e medidas concretas para reforçar a representação das mulheres em posições de liderança e em diferentes departamentos.
Mais importante ainda, continue revendo e reavaliando sua eficácia de vez em quando. E esteja disposto a fazer os ajustes necessários sempre que necessário.
Fornecer treinamento em sensibilidade de gênero
O treinamento em sensibilidade de gênero, também conhecido como formação em equidade de gênero, é um tipo de programa educativo desenvolvido para sensibilizar e promover a compreensão das questões relacionadas a gênero no ambiente de trabalho e na sociedade em geral.
Os principais objetivos destes treinamento são (mas não se limitam a):
- Desafiar os estereótipos de gênero
- Promover a diversidade e a inclusão no local de trabalho
- Capacitar os funcionários, independentemente do seu gênero e sexo
Se você deseja (e deve!) lançar um treinamento bem sucedido em sensibilidade de gênero na sua empresa, comece identificando as áreas em que seus funcionários podem se beneficiar da mesma.
Depois, defina o que você espera alcançar com este programa. Está empoderando as mulheres no ambiente de trabalho? Melhorando a comunicação em geral? Defina claramente o seu objetivo.
Por último, colabore com especialistas ou educadores profissionais para facilitar sessões de treinamento bem estruturadas e eficazes.
Além disso, certifique-se de decidir antecipadamente o formato do programa. Você pode optar por workshops, seminários, módulos online, ou talvez uma combinação de todos eles.
Dica: Evite uma sessão no estilo de palestra. Isso é chato. Em vez disso, promova discussões abertas, dramatizações e atividades em grupo para envolver os funcionários e promover um melhor entendimento.
Incentive a diversidade nos cargos de liderança
A diversidade traz perspectivas, competências e experiências únicas para a mesa. E ela é ainda melhor quando é encorajada em todos os níveis.
Porquê? Pois quando diferentes pontos de vista são incluídos no processo de tomada de decisão, isso desafia as suposições e ajuda a identificar pontos cegos, levando a escolhas mais inovadoras e completas.
Além disso, muitos estudos mostram que as empresas com lideranças diversificadas estão mais bem equipadas para se adaptarem às dinâmicas do mercado, que está em constante mudança e também à evolução das necessidades dos candidatos. Isso não é ótimo?
Você pode conseguir o mesmo, para isso basta aplicar algumas dicas simples.
Por exemplo, você pode estabelecer programas formais de mentoria para conectar líderes femininas aspirantes da sua empresa a mentores experientes que possam lhes dar orientação e apoio.
Ou considere iniciativas de patrocínio em que líderes influentes defendam ativamente a progressão da carreira dessas mulheres talentosas.
Para além disso, avalie regularmente os processos de contratação e de promoção para garantir que eles não são tendenciosos e que as mulheres qualificadas têm oportunidades iguais de avançar para cargos de liderança.
Desenvolva políticas que garantam remuneração igual para trabalhos iguais e que promovam a diversidade de gênero em todos os níveis da empresa.
Em suma, faça da diversidade e da inclusão uma parte essencial dos valores e da missão da sua empresa.
Lembre-se que dar poder às mulheres em posições de liderança não é apenas a coisa certa a se fazer de um ponto de vista ético, mas isso também traz benefícios tangíveis para o desempenho da empresa e sua competitividade no mercado de trabalho.
Por isso, certifique-se de que você está fazendo isso da forma certa!
Peça feedback e faça as alterações necessárias
Uma conversa aberta e honesta pode fazer o mundo girar.
A boa notícia é que: Desde oferecer um espaço seguro para falar até à escuta ativa, há muitas formas de criar um sistema de feedback eficaz que permita que as mulheres (de outra forma condicionadas a permanecer em silêncio) expressem livremente suas opiniões.
Isso não só contribui para a construção de um local de trabalho favorável às mulheres, como também demonstra o seu empenho em valorizar o trabalho de cada um dos seus funcionários (homens e mulheres, igualmente) para fazer avançar sua empresa.
Agora a questão principal é como você pode construir um sistema de feedback que funcione sempre?
Bom, é muito simples! Saiba apenas que as pessoas são brutalmente honestas quando têm certeza de que ninguém vai pegar no seu pé ou demiti-las por darem meras opiniões.
É exatamente isso que você tem que fazer: criar espaços confidenciais na sua empresa.
Por mais curioso que você esteja em saber que feedback pertence a quem, NUNCA peça aos seus funcionários que apontem os problemas do seu local de trabalho cara a cara.
Em vez disso, permita que eles gravem suas vozes (com aplicativos de mudança de voz), coloquem cartas anônimas em caixas de feedback ou preencham pesquisas on-line, que podem ser abordadas de uma só vez durante as reuniões de equipe.
Para além disso, quer o candidato seja contratado ou não, sempre lhe peça para ele preencher uma pesquisa sobre a experiência do candidato .
It will give you an insight into how gender-biased (or not) your recruitment process is.
E, por último, independentemente da forma que você escolher para obter feedback, sempre ESCUTE e se esforce para ir ao encontro das expectativas do seu funcionário/candidato.
Em suma, encoraje, ouça e atue! Esse é o único mantra para empoderar as mulheres no ambiente de trabalho.
Bônus: Seja um mentor
Você finalmente implementou uma forte política de diversidade e inclusão, criou um sistema de feedback que realmente funciona e tem um processo de contratação ocorrendo sem problemas. Isso é ótimo, mas você não deve parar por aí.
Em vez disso, agora você deve pensar nas experiências cotidianas das mulheres no seu escritório. E ser um(a) mentor(a) para elas.
Pesquisas revelam que 15% das mulheres empregadas não recebem apoio suficiente dos seus supervisores.
Certifique-se de que você não está dentro desta categoria.
Lembre-se de que o empoderamento das mulheres no ambiente de trabalho exige mais do que apenas contratar funcionárias ou executivas.
Tornar o seu ambiente de trabalho um lugar ideal para todas as pessoas significa que você tem que analisar cuidadosamente suas políticas atuais e talvez refazê-las desde o começo.
Sim, é muito trabalho! Mas quem se importa se é isso que é necessário para ter um negócio próspero?
Perguntas mais frequentes
1. Quais são os benefícios de empoderar as mulheres no ambiente de trabalho?
O empoderamento das mulheres no ambiente de trabalho conduz a uma força de trabalho mais diversificada e inovadora, melhora a moral e a satisfação dos trabalhadores, aumenta a produtividade, reforça a criatividade e impulsiona o desempenho geral da empresa.
2. Como os funcionários do sexo masculino podem contribuir para a criação de um ambiente de trabalho empoderador para as mulheres?
Os funcionários do sexo masculino podem ser aliados no empoderamento das mulheres no ambiente de trabalho, promovendo ativamente a igualdade de gênero, reconhecendo e desafiando preconceitos e apoiando as ideias e iniciativas das mulheres. Lembre-se, a criação de uma cultura de inclusão requer a colaboração e o apoio de todos os funcionários, independentemente do gênero.
3. Que medidas os líderes podem tomar para promover o empoderamento dos gêneros na sua empresa?
Os líderes podem defender o empoderamento de gênero estabelecendo políticas que promovam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, a orientação e a igualdade de oportunidades de crescimento para todos os funcionários. Além disso, eles devem ouvir ativamente e abordar as preocupações levantadas pelas mulheres e garantir que os processos de tomada de decisão são transparentes e imparciais. Ao demonstrarem empenho e ao tomarem medidas proativas, os líderes podem criar um ambiente de trabalho onde as mulheres se sintam valorizadas, respeitadas e capacitadas para o sucesso.